Achilina Bo ou como ela é mais conhecida, Lina Bo Bardi, foi uma arquiteta modernista de descendência ítalo-brasileira. Ela morreu em São Paulo em março de 1992, mas antes disso foi a responsável por projetar o Museu de Arte de São Paulo (MASP), famoso por seu vão livre.
A arquiteta que é natural de Roma, teve grande notoriedade em sua cidade na década de 1930, mas, por conta da Segunda Guerra, enfrentou problemas diversos, principalmente a falta de serviço e o bombardeio de seu escritório, em 1943.
Isso impulsionou que Lina bo Bardi viesse para o Brasil, após casar-se com o crítico de arte e jornalista, Pietro Maria Bardi, em 1946, ano em que também migrou para cá. O país foi tão acolhedor a ela, que em 1951 se naturaliza brasileira.
Documentário de Lina Bo Bardi por Aurélio Micheles
Mas tudo isso é apenas um pouco de sua vida, já que a Arquiteta tem muito mais coisas a conta. Hoje, 103 anos após seu nascimento, Lina ainda representa um marco importante para a cultura brasileira e não apenas por conta do MASP.
Assim, separamos 10 curiosidades sobre sua vida e obra neste artigo, que você acompanha à seguir:
1) O vão do MASP não veio à toa
Sua obra mais conhecida não tem o vão livre apenas por inspiração. Havia uma necessidade que foi imposta a lina bo Bardi.
O terreno do museu foi doado a Prefeitura de São Paulo, mas nada poderia tampar a paisagem da Avenida Nove de Julho, desta forma a construção de um edifício, mesmo que para abrigar um museu, era inapropriada.
Na tentativa de contornar a situação, o projeto apresentava um grande vão, com a construção em cima o que deixaria a vista livre. Assim, a profissional conseguiu respeitar as exigências dos doadores e entregar uma obra linda para a cidade.
2) Lina Bo Bardi foi comunista
A arquiteta sofreu muito com a guerra, tanto que teve seu escritório, que já tinha certa notoriedade na época, bombardeado. Algo que mais tarde motivou-a vir para o Brasil.
No entanto, ela foi ativa na Segunda Guerra, não só como arquiteta. Em 1943 ela passa a integrar o Partido Comunista Italiano e acaba participando a resistência à invasão alemã em seu país.
3) Sesc Pompeia
Esse é outro marco na carreira da arquiteta Lina bo Bardi. O Sesc foi projetado em 1970 por Lina, sendo uma de suas obras mais paradigmáticas.
Ele é uma referência muito marcante a história da arquitetura brasileira, como um marco da segunda metade do século XX.
Inaugurado em 1982, na Vila Pompeia, Zona Oeste de São Paulo, o Sesc foi projeto a partir de uma antiga fábrica, que foi usada como base para a construção do edifício. Lina incorporou características da arquitetura americana e brasileira, o projeto acabou muito moderno e revolucionou as construções da época.
4) Casa de Vidro
Embora tenha projetado o MASP e o Sesc Pompeia, que são obras conhecidíssimas, o que realmente alavancou a carreira de Lina foi sua Casa de Vidro.
A obra era pessoal e foi concluída em 1951, mas acabou se tornando um grande marco da arquitetura no Brasil. Ela está situada no Morumbi, um dos bairros mais nobres da capital, e foi projetado para ser a residência da profissional e seu marido.
Até hoje a construção abriga parte da mata brasileira, algo raro e que é conservado pelos sete mil metros quadrados do terreno.
A Casa de Vidro se transformou em um patrimônio histórico, onde hoje funciona o Instituto Lina Bo e P.M Bardi, seu esposo. O local realiza estudos e pesquisas voltados a arquitetura, além de reunir um acervo pessoal do casal.
Eventualmente são realizadas exposições, encontros do setor arquitetônicos e palestras, tudo aberto ao público.
5) Centro histórico de Salvador
Na década de 1980 o país passava por um período de redemocratização, onde a profissional acabou participando ativamente em Salvador.
Ela ajudou a restaurar o centro histórico, que hoje é reconhecido pela UNESCO como patrimônio da humanidade. Lina não fez isso sozinha, já que contou com a colaboração dos arquitetos Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki.
Assim, foram projetadas a Casa Benin e o Restaurante na Ladeira da Misericórdia, que contou também com a parceria de João Filgueiras Lima.
6) Além da Arquitetura
Lina ainda produziu obras fora do campo da arquitetura. Ela foi ativa no cinema, ares plásticas, cenografia e para o teatro, além de projetar desenhos para mobiliário.
Como curadora participou de diversas exposições, inclusive algumas do MASP.
7) Projetos públicos
A Arquiteta foi bastante envolvida em obras públicas, voltadas para a construção de teatros, espaços de cultura e lazer, como é o caso do Sesc Pompeia.
Sua obra não ficou restrita apenas a São Paulo, já que ela foi responsável pelo projeto do Museu de Arte Moderna da Bahia e a Casa da Cultura de Pernambuco, além da Igreja do Espirito do Santo do Cerrado, em Minas Gerais. Ainda na capital paulista, ficou à frente da reforma do Palácio das Indústrias, mas acabou não concluindo a obra.
8) Seu estilo livre
Ela é considerada uma das arquitetas de mais expressão no século XX, com uma forte influência a cultura popular, que acabava moldando muitos de seus projetos.
O estilo de Lina bo Bardi empregava a ideia de espaços inacabados, que poderiam ser facilmente aderidos para a ocupação popular e presença humana.
9) A revista
Ainda na Itália, Lina fundou junto ao colega Bruno Zevi, também arquiteto, a revista Cultura dela vita, um periódico semanal. Foi nessa mesma época, em 1943 que ela integrou o Partido Comunista da Itália.
10) Realização de um sonho
O sonho da Arquiteta era terminar sua vida trabalhando, tanto que ela manteve uma produção ativa até o fim de sua vida.
Ela faleceu em 1992, na cidade de São Paulo onde viveu desde sua chegada ao Brasil, realizando esse sonho curioso. A reforma da Prefeitura de São Paulo (Palácio das Indústrias) foi incumbida a ela, mas Lina não chegou a concluir a obra e deixou o projeto inacabado, por conta de sua morte.
Sua vida e obra foram encerradas aos 77 anos e ela morreu de causas naturais, trabalhando como desejava.